Todos os livros falam de outros livros, todos os sons de outros sons e todos os sons de outros livros, cores e cheiros. Não se pode dizer hoje sinto saudades sem evocar – mesmo sem conhecer – a saudade que Casimiro sentiu da aurora da sua vida ou tudo aquilo que fica daquilo que não ficou ou o ronco barulhento do meu carro e os erros do meu português ruim. Há em toda saudade traços indeléveis da saudade de Ronsard, de Cecília, de Roberto, de Caio, de Cole, de Gonçalves, de Florbela e de cada um que já cantou sua saudade em altos brados. Esse texto mesmo está permeado de outros textos e tentar descobrir o que o permeia é cair numa cilada pois o que o permeia foi permeado por textos já antes permeados e se seguirmos adiante nessa genealogia textual descobriremos que ela é viciosa pois eu também estou a influenciar os textos que cito pois eles passarão a ser para você leitor um texto por mim citado. Assim, mesmo sendo posterior a eles, influencio meus predecessores – Borges principalmente, que já disse tudo isso muito melhor, e antes, que eu. E pode ser que já o tivessem dito antes dele. Pois tudo já foi dito.
Inclusive que tudo já foi dito.
19.11.06
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5 comentários:
o que me obriga ao nada dizer.
é saída fácil, mais, resposta única.
gostei muito, me achei nas referências, todas.
grande abraço!
É, isso às vezes me frustra.
Saber que pessoas tão melhores já disseram tudo o que eu porcamente vou tentar dizer.
concordo com o ficas e com a clara. é frustrante, mas isso também já foi dito.
tá bonito o blog!
beijos
passei por aqui babe... oscilações interessantes ora relato ora ficção ora qualquer coisa mesmo...
kiss
tudo já foi dito... mas o "como foi dito" e "como será dito" é que faz a diferença...
amo jazz, toco jazz...
como jazz
sou de improviso...
(lembro que isso tbm já foi dito - por mim!) rs
gostei muito do texto!
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