entre o fim do começo e o começo
do fim toda coisa tem uma massa
inerte feito ponte pela qual
passamos distraídos – ou não:
os astecas sentiam chegar o exato
momento do meio da vida – o meio do meio
da vida, o momento em que o que já vivemos
é exatamente igual ao que ainda não vivemos
– e nesse momento preciso o mais comum
dos astecas sentia uma súbita e inexplicável
vontade de tomar um trem
mas como ainda não o tinham inventado
ele acabava por entristecer-se
(daí a tristeza, essa vontade de algo
que ainda não inventaram)
16 comentários:
no meio
há um momento em que tudo é tão inexato...
o meio - essa paisagem contrastante
entre o que pode ser quase começo e quase fim
em sua aparente imutabilidade...
e o meio come a gente por dentro.
se não é aquela idéia de destruir o sentido das pontes
não sei, não...
mas dá pra seguir a trilha
nos trilhos do inexistente
trem fumaça de cardamomo da sua poesia...
meio que fora dos trilhos, não há meios de finalizar o entendimento de todas essas coisas da tristeza... porque metade de mim trem bala.
"E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!".
A Gaia Ciencia- Nietzsche
(daí a tristeza, essa vontade de algo
que ainda não inventaram) - DEFINIÇÃO MAIS PERFEITA Q JÁ VI DO Q É A TRISTEZA...
o meio de todas as coisas... nossa... isso daria uma tese filosófica... e poética... claro!!!!!!!
despertou uma vertigem..
e faço coro com a moça de cima:
q definição!
esse pacto intenso com a insatisfação, um estado constante de se querer algo que nem existe é então o eterno prazer da tristeza....?
conheço bem essa tristeza asteca
que coisa linda, gregorio...
argamassa no meio da vida
tristeza inerte entre
as paredes.
é fato que os astecas sentiam chegar o meio do meio da vida deles? dava um bom filme isso...
muito muito foda!
eu podia inventar palavras e acabar com toda essa tristeza nossa, mas qual a graça de procurar o meio do meio, a vida... e perder palavras tão bonitas!?
lind.
"Essa vontade de algo que ainda nao inventaram"Que bonito querido!Nessa frase vc ve a tristeza como nostalgia de um futuro que ainda vai chegar. Eh optimista, como uma reminiscencia Platonica.
Adorei ver vc e conversar com voce em meio aqueles calices de champagne, no ambiente tao artistico de teu pai. Um privilegio pra quem vai dos US pra ficar 4 dias no Rio. Assim que ler mais dos teus poemas te escrevo. Parabens!
é, sempre há um meio para tudo...
adicionei vc aos meus links.
um abraço,
PH
gostei muito!
o meio pode ser o mais morno de todos...sem a excitação do início, nem a realização, ou a resposta, ou a certeza do final...
tristeza senhora sem hora amarga toda a falta que nos (i)move. são as horas de domingo e das noites de insônia.
a terceira margem do tempo (...)
essa foi sensacional, bateu fundo...demais, me emociona, é tão bom que a gente não sabe se fica alegre o fica triste!!!
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